Gandahar - Uma Utopia





 As obras de artistas como Moebius, cujo meu primeiro contato foi com o filme O segredo do portal, a qual é baseado em sua arte e estilo, sempre me chamam atenção. Muitas vezes não os recordamos, visto que o Japão e os EUA lideram o mercado das animações e quadrinhos (ou mangás), mas é interessante saber o tamanho de sua importância.  

Gandahar é um filme de René Laloux, aquele quem fez O planeta fantástico, um dos longas mais influentes na historia da animação. Baseado no livro de Jean-Pierre Andrevon.

Gandahar é um local pacifico, liderado pela Ambisextra (a lider de estado) e seu conselho de mulheres, onde seus habitantes vivem em paz desfrutando os prazeres da vida. Tudo muda quando robôs misteriosos começam a atacar as pessoas, as transformando em pedra. O conselho decide que Sylvain deverá ir investigar e descobrir o que está acontecendo.



De imediato o que mais chama atenção no filme é o lugar, Gandahar. Um local governado por mulheres e que onde não existe guerras nem conflitos. Onde as pessoas não se importam de andar descobertas, com os seios e outras partes do corpo à mostra. Em total contraste com a situação do mundo na época: ressentido de duas guerras e em disputas ideológicas de duas grandes potências. Gandahar é de fato um lugar perfeito para se viver, um paraíso. Até a chegada dos robôs.

Os robôs são uma clara alusão aos regimes ditatoriais. Eles chegam e destroem tudo, sugam, acabam com a paz.

A grande fonte do mal e desordem é Metamorfo, um cérebro gigante criado em Gandahar que possui longa longevidade e muitos poderes além da capacidade dos outros seres. Seu ataque começa mil anos no futuro, quando não consegue se regenerar por si só e passa a sequestrar os habitantes do passado para, a partir deles, continuar existindo. Uma existência sem um 'quê' de existir, sem uma razão, apenas continuar vivendo nem que isso custe se tornar um ditador louco. 

Outro tópico do filme é o tempo, passado, presente e futuro. "O que foi será, e o que será já foi", em outras palavras, para mudar o passado o protagonista terá que mudar o futuro.

A arte do filme é muito boa, os ambientes são exóticos, mas com um aspecto familiar nas zonas rurais onde os habitantes vivem de forma simples exercendo atividades como pastoreio e cultivo. Também temos Jásper, a capital que chama atenção pelo grande monumento em formato de cabeça, elemento que de cara lembra Moebius. Os desenhos foram de Filippe Caza (outro grande nome no assunto).





Ambisextra.


Uma outra de interpretar o filme é como civilizações foram invadidas, sugadas e destruídas por tiranos egoístas e perversos. O filme reflete bastante isso. Uma sociedade inteira, complexa e rica, atacada sem remorso. 

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Bom, fica a dica desse  ótimo filme! É uma pena que não seja amplamente conhecido no Brasil, sequer possui dublagem em português. Mas você pode encontrar legendado na internet. E sobre os livros, eles são uma saga, então possui continuações. É uma pena (de novo, aff!) que eles não sejam lançados no Brasil.

Mas é isso, aproveite o filme e até a próxima!

See you again!

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