ORIGEM: ESPIRITOS DO PASSADO



   


  Esse é um daqueles animes que não é muito conhecido. Eu assisti pela primeira vez quando passou no canal do HBO (que costumava passar bastante animes). E não possui dublagem, talvez por conta de não ser tão famoso. Mas vamos a resenha.


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    "Origin: Spirits of the Past" é um anime longa-metragem produzido pelo estúdio Gonzo (Bayonetta, Afro Samurai, Gantz, etc.) e dirigido por Keiichi Sugiyama ( Evangelion, Halo Legends, etc.). A história se passa num mundo após um cataclismo ambiental, na qual a floresta ganhou consciência e os humanos remanescentes precisam se submeter a ela pra conseguir agua. Agito, um garoto que vive na Cidade Neutra, acaba encontrando Tula, uma garota que estava adormecida em um Stay Field (tipo uma câmara de animação suspensa de ficção cientifica). Por algum motivo, a floresta se sente ameaçada por esta garota.

    


    O que chama logo atenção é o inicio do filme, onde nós somos apresentados a algumas cenas da Terra com prédios e construções destruídas e depois começa outra cena com uma musica cantada por KOKIA no fundo. Essa musica é de uma beleza avassaladora, tanto na letra quanto no som. Ela transmite a ideia da floresta ganhando consciência, que é o que também está sendo representando em tela.

    Durante o anime, nós somos apresentados aos personagens e às características desse mundo. A Cidade Neutra é o ponto entre a floresta e o deserto dos militares de Laguna, aqueles que estão contra a floresta. A líder da Cidade Neutra, Yolda, é uma humana intensificada, isto é, a floresta ofereceu poderes a ela pra que a defendesse. Assim, existem quatro personagens que são humanos intensificados, inicialmente: Os três fundadores da cidade, Yolda, Hajiro e Akashi, pai de Agito; e Shunack, um humano que acordou do passado e que é coronel de Laguna.

    A floresta possui, além da capacidade de intensificar humanos, uma tribo de druidas que a servem, formas animadas como de meninas ou na forma de um dragão. O filme nos faz pensar em algo interessante: A floresta é submetida a nós, na vida real, mas e se nós fossemos submetidos a ela? É disso que se trata o mundo do filme. O ser humano explorou tanto a natureza, que ela ganhou vida e passou a dominar o mundo. Justo, não é?!    

    No decorrer do filme, aparecem muitas telas lindas que dão ótimos papeis de parede. O problema é que o grande mérito dele é a arte e a trilha sonora. O protagonista, Agito, é muitíssimo enjoado. Nós conseguimos entender os atos dele, mas ainda assim é muito chato! Ainda mais no ritmo acelerado do filme. Não conseguimos nos afeiçoar aos personagens. Talvez se fosse uma serie e eles pudessem desenvolvê-los melhor, o resultado seria diferente. E isso implica também na compreensão do Background da história: grande parte das informações importantes são ditas durante os diálogos rápidos, e se você não prestar atenção eles passam despercebidos.

    Portanto, Origem: Espíritos do Passado (que é o título traduzido) é uma obra belíssima e com uma mensagem muito importante! Mas falhou em transmitir todas as informações e também em desenvolver os personagens. E falando agora sobre o estúdio, esse não é a primeira obra com tema ambiental que não deu um resultado muito bom, foi o que aconteceu também com "Blue Submarine No. 6".

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Análise 

    Como expliquei acima, o grande ponto do anime é a beleza. Mas conhecendo o contexto que fica nas entrelinhas, dá pra entender melhor. 



    Bem, tudo começou com o pai de Tula, o doutor Sakura, que criou o Projeto de Reflorestamento da Terra. Que tinha como objetivo criar plantas mutantes para reflorestar o planeta (o que indica que provavelmente alguma crise ambiental já estava acontecendo ou iria acontecer). Mas tudo deu errado porque Shunack (que também trabalhava no projeto) cometeu um erro durante os teste das plantas na lua, e elas reagiram violentamente e atacaram a terra, matando muitas pessoas.

    

Poxa, se esses dois fossem bem explorados!

    Algumas pessoas conseguiram escapar, indo dormir nos Stay Fields. Esse foi o caso de Shunack. Ele acordou antes que Tula e se tornou intensificado ao lado dos três fundadores da Cidade Neutra. Contudo, ele se voltou contra a floresta por querer consertar seu erro e trazer de volta o mundo como era antes. Essa decisão fez com que enfrentasse os três e, ao perder, ser exilado.

    Shunack passou a fazer parte de Laguna e se tornou coronel. Um detalhe no braço dele mostra que ele esteve procurando Tula ou testando outros aparelhos que podiam servir pra ativar o Isodoku, o método que o Dr. Sakura desenvolveu, após o cataclismo, para destruir a florestar e fazer o mundo voltar ao normal. Mas apenas o aparelho de Tula serve, pois o de Shunack danificou, por isso ele precisa dela.

    Essas são as informações que dá pra pegar no filme. Mas o chato é que essas partes da história, que seriam interessantes em tela, não são mostradas claramente. Apenas contadas ou explicadas rapidamente. Por isso que em formato de serie ficaria bem construído. Eles poderiam explorar a humanidade tentando se restabelecer após a floresta despertar, ou o dia-a-dia dos outros personagens.  Não se pode esperar que o público fique comovido por algo tão rápido em tela. As partes mais importantes ficam em subtexto.

    Falando agora da questão ambiental, o filme acerta graficamente em transmiti-la. As cenas da floresta ou dos restos da sociedade humana deixam isso bem claro. E no final nos é revelado que a floresta dá vida a novos humanos. Não dá para viver sem harmonia com a natureza. É isso que o filme quer dizer. Pense, o que a natureza diria se ela pudesse falar com palavras?

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    Obrigado por ter lido até aqui. Até a próxima, See you again!

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